Essa dúvida surge com frequência, especialmente quando a pessoa que nos magoou é próxima, como um familiar. A pressão para perdoar, seja por motivos morais ou religiosos, pode ser grande. No entanto, a resposta para essa pergunta é complexa e merece uma reflexão mais profunda.

O Que é e o Que Não é Perdão

Perdoar não significa apenas "deixar para lá" ou "esquecer" o que aconteceu, pois não é possível excluir algo da memória. O perdão é um processo que envolve reconhecer a ofensa, entender a responsabilidade do outro e, aos poucos, transformar as respostas emocionais, cognitivas e comportamentais negativas em respostas mais equilibradas.

O perdão não significa absolvição ou justiça. Resolver uma ofensa no campo jurídico, por exemplo, não garante a solução emocional. Também não se trata de desculpar, justificar ou minimizar o ocorrido. E, muito importante, perdoar não implica necessariamente em reconciliar — é possível, e muitas vezes saudável, perdoar sem retomar o relacionamento.

As Vantagens de Perdoar

O perdão pode aliviar o peso das ofensas passadas, contribuindo para o equilíbrio emocional e fortalecendo a qualidade das relações. Ele pode ajudar a aumentar a autoestima, melhorar a assertividade nas decisões diárias e trazer uma sensação de esperança. Além disso, pode reduzir o estresse e melhorar o sono, impactando positivamente a saúde física e emocional.

Ao perdoarmos, saímos do papel de vítimas e assumimos o controle sobre nossa vida emocional, abrindo espaço para a paz interior.

Fatores que Facilitam o Perdão

A gravidade da ofensa, o arrependimento do ofensor, o tempo que passou desde o ocorrido e a natureza do relacionamento são fatores que influenciam o processo de perdão. A crença de que o perdão pode melhorar a qualidade de vida, assim como a religiosidade, também pode desempenhar um papel importante.

A empatia é essencial para esse processo. Ao tentar compreender os sentimentos e a perspectiva do outro, podemos suavizar ressentimentos e avançar no caminho do perdão, sem justificar a ofensa, mas ressignificando a experiência vivida.

Perdoar é uma Decisão e um Processo

O perdão é uma jornada que ocorre em etapas. Primeiro, reconhecemos a mágoa e a raiva. Em seguida, avaliamos os prejuízos de não perdoar, e, finalmente, tomamos a decisão de perdoar (perdão decisional). Esse estágio inicial é importante, mas o perdão emocional — a verdadeira transformação das emoções negativas — leva tempo e requer paciência. Estar ciente dessas etapas pode ajudar a reduzir a autocobrança durante o processo.

E Se Eu Decidir Não Perdoar?

Embora o perdão traga muitos benefícios, ele não é a única forma de lidar com a dor. Em algumas situações, algumas pessoas optam por seguir em frente sem perdoar. Nesse caso, o foco do tratamento terapêutico será minimizar os efeitos negativos do ressentimento, sem pressões para perdoar.

O papel do terapeuta é ajudar você a entender seus sentimentos e tomar as decisões que são mais benéficas para o seu bem-estar, sem julgamentos ou cobranças morais.

Se você está lidando com ressentimentos e dores emocionais, buscar apoio psicológico pode ser um passo importante. A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem eficaz para lidar com essas questões, e estou aqui para apoiar você nesse processo de crescimento e autoconhecimento.

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Referência: Pinho, V. D. (2014). Perdão interpessoal baseado na empatia e a tera-ia cognitivo-comportamental. In Federação Brasileira de Terapias ognitivas, Neufeld, C. B., Rangé, B. & Falcone, E.. (Orgs.). PROCOG-VITIVA Programa de Atualização em Terapia Cognitivo-Comporta-nental: Ciclo 1. (pp. 103-148). Porto Alegre: Artmed Panamericana. Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 1).

Pinho, V. D, & Falcone, E. M. O. (2020), Perdão interpessoal: contribuições para a psicologia clínica e da saúde. In Sociedade Brasileira de Psicologia, R. Gorayeb, M. C, Miyazaki & M. Teodoro (Orgs.), PROPSICO Programa de Atualização em Psicologia Clínica e da Saúde: Ciclo 4 (pp. 73-101), Porto Alegre: Artmed Panamericana, (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2).